sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Quem tem medinho, quem é?!


Querido filho,

Uma das coisas que me deste foi a consciência da "não eternidade" e um certo receio de não ter o privilégio de te ver crescer. Lá está, daquelas coisas que não se pensa enquanto somos "só nós", quando há sempre muita vida pela frente.

Não sei se te agradeça este medo-de-não-existir. 
A verdade é que dá outro tempero à vida, outra urgência doce ao Amor.

Que a vida nos dê muita vida e o tempo muito tempo para continuarmos a descobrir-nos, em cada abraço e em cada beijinho (que já dás). 
E são esses beijos que dão a ilusão de eternidade e o medo imenso de que acabe rápido.

E há-se ser sempre num sopro, nem que viva até aos 100 anos.
É muito Amor para pouca vida...

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

As sugestões do Francisco

O Francisco até nem parece, mas é um puto preocupado. 
Quem o vê, é todo "ai e tal, brincar, bolachas, cantar e colo", mas lá no fundo, é muito mais que um miúdo imberbe. Anseia por ajudar os amigos e isso não tem preço. E resolveu começar pela minha lista telefónica.

Passava pouco das 7h da manhã, apanhou o meu telemóvel (porque a mamã, que é uma quadrada, ainda não deu um "momóvel" ao menino) e vai de mandar mensagens no Whatsapp.
Carregou no símbolo verde que todos conhecemos, escolheu a vítima e vai de dizer bom dia em mandarim ("nsrgoiuaga eroaiuregbnslkafg"). Como não é tonto, e não ia incomodar as pessoas àquela hora só para cumprimentar, resolveu sugerir uma ementa semanal para marmitas, muito útil, entendeu, para resolver o dilema que assola tantas casas portuguesas.
Tudo isto de forma autónoma e, claro, encoberta (leia-se "às escondidas").

Ora portanto, adverte-se: estejam atentos aos vossos telemóveis.
O Francisco é mocinho para vos mandar um olá, uma semana de marmitas saudáveis, as dez melhores praias portuguesas ou artigos de assuntos variados. Tudo, claro, dentro das necessidades ou interesses de cada um.

Eu também estarei atenta ao meu. Deixá-lo sempre bloqueado será uma prioridade na minha vida.
E peço desculpa à tia Lina por ter acordado a pensar que eu estava a ter um AVC ou me tinha passado "da marmita".

Deixo-vos as sugestões do Francisco. (Cliquem aqui!)
Aproveitem e bons almoços!

(PS.: De referir que o Continente não patrocina este blogue. E, para o caso do tio Belmiro ler isto, deve-me 1,98€ de um produto que me foi entregue em casa fora da validade. Obrigada.)

domingo, 20 de agosto de 2017

O Amor dos Avós pelos Netos

O Amor vale por si só. Não tem alíneas, não tem parêntesis, não tem reticências. 
Só quando acompanhado de um suspiro e isso, ou cheira a adolescência ou a asma... 

O Amor é o Amor. Pronto. Não se explica. 

Não há, ainda assim, Amor que não diga "não!" de vez em quando (até por conta do Amor-Próprio), excepção feita ao Amor dos Avós pelos Netos. Este é excepção para tudo, até porque é excepcional.

O Amor pode tudo e o Amor dos Avós pelos Netos pode mais ainda:
Pode responder 596.372.476.378 vezes à mesma pergunta, sempre com um sorriso paciente e compreensivo.
Pode andar quilómetros dentro de um pátio à procura do gato.
Pode fazer miminhos, durante horas, a figuras de animais de barro.
Pode ficar a pingar água, dia após dia, depois de 5 minutos de "chap chap" enérgico dentro de uma piscina de borracha.
Pode estar dentro de um carro, na garagem, a ligar os piscas, as luzes e o rádio.
Pode ir tocar à campainha de casa, repetidamente e já a fazer-se noite, porque "ele já sabe". 
Pode dar energia nas pernas e nos braços para aguentar todos os colinhos pedidos.
Pode barrar Nutella em pão, e levar à boca, dentada a dentada, porque o olhar fica mais doce que o chocolate.
Pode ir comprar iogurtes e paparocas, analisar os rótulos e procurar sempre o melhor.
Pode aceitar apenas ovos de galinhas criadas ao ar livre (adoro esta!).
Pode mudar os hábitos do puto, porque "está de férias".
Pode ensinar palavras novas, canções, novas formas de mimar.
Pode tocar piano, e depois não tocar, e depois tocar outra vez.
Pode trocar as cordas da guitarra, porque o miúdo as puxou até-não-poder-mais, mas foi "sem querer".
Pode perceber que se liga o rádio a válvulas, antigo e recuperado "à mão", só para ver as luzes a acender.
Pode fazer sopa a qualquer hora.
Pode pintar a macaca, virar do avesso, inventar o diabo-a-sete para evitar uma birra.
Pode embalar o ser pequenino, enquanto for necessário, como se não houvesse braços, nem costas...

O Amor dos Avós pelos Netos pode muito mais que o Amor dos Pais pelos Filhos. 
Digo eu, que achava que conhecia bem os limites dos meus Pais, até os conhecer como Avós do meu Filho. 
Foram os melhores Pais do Mundo mas são, sem qualquer sombra de dúvida, os melhores Avós do Universo.


segunda-feira, 31 de julho de 2017

21.julho.2017

A mamã casou com o papá.
E ficou tudo como estava.
No sítio certo.



terça-feira, 11 de julho de 2017

A festa de final de ano

Foi agendada a festa de final de ano do puto e preparei—me para um atestado. No final do ano passado ficou doente. No Natal ficou doente. Pensei que houvesse aqui uma qualquer resistência a festas organizadas. Mesmo assim, tratei da roupa pedida e aguardei pacientemente o aumento da temperatura.

Nada. Fresco e fofo. "Tu queres ver que é desta?". Eu que andava ansiosa por ver como se comportava no contexto, nem quis acreditar. :)
Dizia o Paulo para me preparar: "Tu não vás com grandes expectativas que os putos nunca fazem grande coisa. O mais certo é chorar ou ver—nos e sair do palco!". Muito bem. Ia avisada.

Eis que chega a hora. Começa a música. Vejo entrar umas dezenas de Ratos Vitorinos no palco da alegria. E lá no meio, o meu ratinho bailarino. Viu—me a mim. Viu o pai. E foram palmas, e sorrisos, e abanares de anca, e toda uma coreografia que nos deixou de queixo caído. O puto é um animal de palco!

E papá, parece—me que o pé esquerdo milionário andará em pontas... 
Sou mãe do Fred Astaire! 



quinta-feira, 6 de julho de 2017

Ao meu filho

Meu amor,
Hoje concluímos mais uma etapa.
Penso, já com alguma saudade, que estamos de parabéns.

Nem sempre foi intuitiva, nem simples, esta coisa de amamentar. Houve de tudo. Dores, lágrimas, arrepios, tentativas, conquistas, dúvidas, respostas, cirurgias, cicatrizes e, claro, leite. 

Inesquecíveis serão as tuas expressões, o teu olhar, a tua ânsia no abraço. A tua "fome" constante. A tua "delicadeza" em gritar "MAMA!", com mãozinha a acompanhar... 

Sentir-te adormecer no meu peito foi das coisas mais mágicas que a vida me deu. Vou repetir, para que graves bem e não hajam dúvidas quanto ao que queria dizer. Sentir-te adormecer no meu peito foi das coisas mais mágicas que a vida me deu. E esse suspiro doce da alma já ninguém me tira, nem que viva 100 anos...

Obrigada por este crescimento a dois.
Pela experiência mais grandiosa e enriquecedora de sempre.
Por esta janela que fechámos a quatro mãos, para abrir o portão do que virá, de par em par.

Sempre com Amor.
A tua,

Mãe.

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quarta-feira, 21 de junho de 2017

19 meses de Amamentação

Pela primeira vez preparei-me para escrever aqui no cantinho e não consigo começar.
Os dias agora são tão cheios de coisinhas e novidades que estou a ter alguma dificuldade...
Ou talvez seja por estarmos aqui a passar uma nova fase, com a qual estou a aprender a lidar.

Já li muito sobre o assunto e sei que é o que quero fazer. É o que eu e o papá achamos certo: iniciámos o desmame.

("Ui!!!! Com 19 meses ainda mama?! Credo!", "Desmame?! Porquê?! Se ele ainda mama continuem. Não há nada de melhor para o vosso bebé, que o leitinho da mamã." E muitas outras nuances de opiniões se poderiam juntar nesta linha. Opiniões que agradeço, de coração, mas que dispenso, por agora).

Não quero ser mal interpretada: a decisão está tomada, foi pensada, é sensata e não me parece que o Francisco vá perder muita qualidade de vida.
O problema aqui sou eu e preciso de meter isto na cabeça. Talvez desabafando a coisa acabe por soar mais natural cá dentro. Eu, a quem custou horrores começar a amamentar, que tive dores, mastites, ductos entupidos e o diabo a quatro, ainda fico de coração apertado quando penso que estamos na reta final. Sinto que um laço se quebra, que algo que foi não voltará a ser.

Claro que não me parece bem que o puto, habituado que está a este conforto, grite "mama, mama, mama!!!" no meio da rua e comece a levantar-me as camisolas. E cai o Carmo e a Trindade se não lhe sabe a leite depressinha. Pois, não pode ser, não. Quer dizer, se calhar pode, mas eu é que também não estou para isso.

Por um lado sinto que o perco, de certa maneira.
Por outro lado, sinto que ganharemos os dois mais liberdade.
E há ainda um outro lado de mim (sou um triângulo, sim), que diz que isto é tudo um pouco parvo e que só não estou a saber lidar com algo novo.

O papá diz que só queres comer e o resto é conversa. Mas hoje, quando te dizia que já és grande e vais beber leite num copinho, de manhã, como os papás, e tu choravas desalmadamente agarrado a mim, senti-me a morrer devagarinho. E não houve  nenhum lado de mim que não pensasse que se isto tudo é mimo, que venha o leite e a mama e o mais que tens direito.

Sim, eu sei. É uma fase para que possamos todos continuar a crescer.
E continuas ainda a mamar antes de dormir.
Um desmame gradual, para os dois.
Educar é duro.
Mas é Amor.