sábado, 23 de janeiro de 2016

Mamas (e mamãs) de Portugal

(Este não é um post pró-amamentação. Muito menos um post que vá contra quem não amamenta. Não tenho nada com isso, cada um sabe de si e era mesmo o que me faltava. Disse.)

Estou a amamentar. 
Não é coisa que escreva numa t-shirt e vá desfilar para a rua, mas é um facto e nunca me tinha acontecido.
Como eu, devem existir milhares de mulheres que, sem a tal t-shirt estampada, passam despercebidas, apressadas para irem ter com as suas crias que, em qualquer casa, poderão já estar de goela aberta.
Evidentemente que, quando "estamos nelas" é mais fácil aperceber-nos das faltas. Mas neste caso é gritante. 

Apercebi-me estes dias, depois de umas leituras e em conversas com amigos, que há um certo prurido com a amamentação em locais públicos. Concordo que deve ser um momento calmo e zen para mãe e filho. Mas dizer-se que é "nojento" amamentar uma criança em público parece-me um desvario muito grande... Por que não há em cada local público um "Cantinho da Amamentação"? Um espaço calmo e zen, com um cadeirão, música suave, luz adequada para que isso aconteça? Deverão as mães e os seus bebés ficar fechados em casa até que se comam sólidos? Não, pois não me parece.

E as filas de supermercado? Está previsto que as grávidas e idosos passam à frente. Confesso que me parece mais urgente agora do que há uns meses atrás, despachar-me nas compras. Tudo agora é de fugida. E se sair com um puto para ir comprar pão exige uma logística maluca, deixar o puto com alguém por "uns minutinhos" não é muito melhor. Primeiro, porque sabemos que ele vai começar a gritar com fome assim que as nossas maminhas desapareçam do seu campo de visão e segundo, porque vamos apanhar todas as filas, possíveis e imaginárias, para pagar. E se é "nojento" sacar da mama em público para amamentar uma criança, como seria se perguntasse "Importa-se que eu passe à frente que tenho estas mamas a rebentar com leite?". 

Chegará também o dia em que termina a licença parental e a mãe regressa ao trabalho. Depois de... 4 ou 5 meses (recebendo  100% ou 80%, respetivamente) ou pedindo um prolongamento de mais 3 meses (recebendo 25% do salário). Isto, meus senhores, é que é nojento! Então alguém consegue viver com 25% do seu salário?! Engraçado também é que as recomendações da Organização Mundial de Saúde são que se amamente em exclusivo, pelo menos, até aos seis meses. Expliquem-me lá, pessoas deste país, como é que uma mãe vai trabalhar aos 4 meses e amamenta o seu filho até aos 6?  Claro, tira o leitinho com a bomba e prepara os saquinhos para que ao seu bebé não falte nada. E faz isso onde? No trabalho? Quando as maminhas estiverem cheias pedimos "licencinha" e ligamos a bomba? 

Não entendo. 
Estou a amamentar e nem sempre tem sido um mar de rosas.
Mas no essencial era algo que gostaria de manter, até onde me for possível.
Para além de mastites, mamilos gretados e outros atrativos (que esses resolvo eu), poderia o resto do mundo facilitar a coisa? 
Aviso que continuarei a ser "nojenta" (o mais possível), se isso implicar dar de comer ao meu filho. Seja lá onde for. 
Ou se acaba com a vergonha ou com a hipocrisia.
Eu acabarei com a fome do meu Obélix... =)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Nós!

A mostrar IMG_20160116_092957.jpgHoje fazes dois meses e foi o nosso primeiro dia a dois.
Estava um pouco assustada mas adorei.
Foste um amor em ter paciência com a aselha da mamã...
Adoro-te!

A mostrar IMG_20160116_092957.jpg

domingo, 17 de janeiro de 2016

O raio da mastite!

Ora o ano começou com umas dores do catano.
Mama esquerda vermelha, quente, dura como pedra.
"É massajar, águinha quente, tirar o leite que o puto não mamar com a bomba!"
Parecia simples mas não foi.
Poderia ter melhorado, mas não. 
Parece que havia algo a aprender daqui.

Marquei presença no Hospital da Póvoa no primeiro dia do ano e não me arrependo. As enfermeiras foram carinhosas, meigas, ajudaram no que era permitido fazer à data e deram algum alento (e Brufen) para conseguir chegar a Lisboa ainda com um sorriso tímido. 

Aqui é que foram elas. Quando cheguei às mãos da enfermeira M.Pinho desejei não ter nascido. Se fosse para desfazer o que estava entupido e resolver o problema manualmente, a coisa tinha ficado feita ali. Sem meiguices mas com muito profissionalismo. E amor pelo que se faz. E por mim. Porque só quem ama ajuda incondicionalmente.

Também não resultou. 
E a maminha esquerda continuava em sofrimento...

Partimos para a chamada Consulta da Mama com a Dra A.Nazaré. 
Antibióticos, analgésicos, injeções e mais o diabo a quatro.
Nada.
Dores para caraças, febre e tudo a que se tem direito.
Sentença: só operando.
E lá foi a maminha esquerda, cabisbaixa, assustada e cheia de dores para a sala de operações.

O que lá se passou só alguns viram. Conta quem lá esteve que não foi bonito.
Mas estou melhor, essa é que é essa...
Nem 8 semanas depois da cesariana, mais um corte, desta vez no peito.
Sou linda, na minha versão patchwork.

Hoje, estou só com os pontos (tiraram um dreno do tamanho de duas mãos abertas que não sei como coube aqui). Já quase não tenho dores e daqui a nada posso voltar a pegar no meu baby sem reservas.

Se é que há um lado bom nesta porcaria de mastite, esse lado chama-se Mónica Pinho.
Obrigada pelos apertos. Obrigada pela mãozinha na hora dos pontos. Obrigada por tudo.
És uma AMIGA DO PEITO!