segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A uma vida sempre colorida!

Há dias assim...
Principalmente quando antecedidos de uma noite com um soninho pouco aprimorado.
Tudo parece um pouco turvo, mal explicado e contra nós.
E quando isso se multiplica por algumas noites seguidas, eis que a coisa começa a perder a graça.

E se tu ficas birrento com o nascimento dos dentes, o teu pai fica birrento quando dorme pouco e eu fico birrenta quando vocês os dois estão birrentos. Está o caldo entornado, pessoal!

Há dias assim.
Diria que menos coloridos mas, meu filho, tens razão, cinzento também é cor.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

(Ainda) Papuça e (já) Dentuça

Tenho um bi-dente em casa. É oficial.
Rói o mundo, qual castor empenhado e baba-se como um tipo a fazer dieta, frente a uma mousse de chocolate caseira... Gosta de segurar a bisnaga do creme para as gengivas (sim, aquele que sabe a mentol e cheira a banana, para baralhar os sentidos) e abre automaticamente a boca sempre que desenroscamos a tampa.
Pensa que já é independente para andar sempre de um lado para o outro agarrado a tudo o que esteja (aparentemente) fixo, apesar de abanar como um ramo ao vento, mesmo sem vento.
Liberta palavras com um orgulho encantador: mamã, papá, papa, "já está" e "é bom" (sempre associado a comida). E, embora com um léxico diminuto, tem-se safado bem...
Corre para tudo o que não deve e faz aquilo que ninguém quer: desliga a box, desprograma a televisão, faz telefonemas do fixo, atira com os comandos ao ar e abre e fecha as persianas elétricas. Acha graça a deixar-nos os nervos em franja sempre que foge à fralda. Ora, tiramos a fralda suja e depois suamos para colocar uma limpa: rodopia, vira-se ao contrário, desvia o rabichel, sempre com a rapidez marota de quem não tem noção do tempo, dos atrasos, dos horários de trabalho, da paciência humana... Desde ontem acalma quando eu canto uma música sobre Sally, o camelo que vai perdendo bossas até afinal ser um cavalo. Até nisto goza o pessoal com requinte...
Mas continua com aquilo que faz o mundo avançar e que (espero eu) há-de manter até aos 80 e muitos: um tal brilho contagioso no olhar, de quem descobre a essência das coisas a cada segundo. E, tenho testemunhado ao vivo e a cores, já aprendeu bem a receita para ser feliz: a cada tropeção ou queda, o remédio é levantar e seguir viagem. Por vezes sem saber onde chegará, mas sempre com a certeza da partida e o entusiasmo do caminho.